A Prefeitura de Cabo Frio, por meio da Secretaria de Saúde, iniciou um processo de reformulação do Programa Municipal de Diabetes, com o objetivo de ampliar o acesso, garantir mais eficiência no atendimento e oferecer um suporte mais completo aos pacientes com diabetes tipo 1, tipo 2 e gestacional. A proposta foi debatida em um encontro técnico realizado recentemente na unidade local da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), reunindo representantes da gestão municipal e profissionais da área.

Participaram da reunião a secretária de Saúde, Beatriz Trindade, o secretário adjunto de Média e Alta Complexidade, Dr. Illo Rangel, o subsecretário de Tamoios, Augusto Azevedo, além de coordenadores e integrantes da comissão responsável pela reestruturação do programa. A iniciativa surge como resposta a um cenário preocupante: segundo dados da própria secretaria, Cabo Frio tem aproximadamente três mil pessoas diagnosticadas com diabetes, mas menos da metade delas está devidamente cadastrada e com acesso regular aos insumos e tratamentos ofertados pelo município.

Entre as primeiras ações previstas está a atualização completa do cadastro dos pacientes, com a implantação de um sistema informatizado que permitirá maior controle e regularidade na distribuição de itens essenciais como lancetas, tiras reagentes e glicosímetros. A coordenadora do programa, Kellyn Vickey, explicou que essa medida é essencial para garantir a continuidade dos tratamentos e o acompanhamento clínico adequado.

Além da informatização, o novo modelo prevê a descentralização da entrega de medicamentos e insumos, atualmente centralizada no Centro de Atendimento ao Diabético e Hipertenso (CADHI). Com a mudança, os pacientes poderão retirar os itens em três diferentes pontos da cidade: a Farmácia Básica no Centro, o Hospital do Jardim Esperança e o CEAD (Centro de Especialidades e Apoio Diagnóstico), em Tamoios. A ideia é facilitar o acesso e reduzir a sobrecarga dos serviços centralizados.

Outro eixo importante da reestruturação é a ampliação do atendimento multiprofissional. A proposta é integrar psicólogos, nutricionistas, enfermeiros e especialistas em endocrinologia à rotina dos atendimentos, promovendo um olhar mais completo sobre o paciente e suas necessidades. A secretária Beatriz Trindade destaca que a proposta vai além do tratamento médico e busca a humanização e integração dos serviços de saúde.

“O que queremos é garantir que o paciente seja atendido em todas as frentes: na atenção básica, na média e na alta complexidade. Isso exige articulação entre as equipes e organização do fluxo de atendimento, desde o diagnóstico até o tratamento contínuo”, afirmou.

A reformulação do programa sinaliza uma mudança de postura da gestão municipal em relação ao tratamento de doenças crônicas. Mais do que distribuir medicamentos, o objetivo agora é criar uma rede de atenção contínua, acessível e eficiente — que trate o paciente como um todo. A expectativa é que, com essa nova abordagem, seja possível melhorar a qualidade de vida dos diabéticos atendidos pelo SUS em Cabo Frio, e garantir que nenhum cidadão fique à margem do cuidado necessário.