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Prefeitura de Cabo Frio é investigada por pagamento de R$ 2,3 milhões em contrato suspeito


A administração da prefeita de Cabo Frio, Magdala Furtado, enfrenta uma grave crise após denúncias de irregularidades em contratos milionários firmados com as empresas Surgical Comércio e Importação de Materiais Médicos Ltda, de Niterói, e Danthi Med Comércio de Materiais Médicos e Hospitalares Ltda, de São Gonçalo. Ambas são acusadas de receber mais de R$ 2,3 milhões sem entregar medicamentos e insumos hospitalares contratados pela Prefeitura.

De acordo com as denúncias, a Surgical teria recebido R$ 882.249,02, enquanto a Danthi Med embolsou R$ 1.439.635,50, sem que qualquer material fosse entregue aos estoques da saúde municipal. O caso gerou ainda mais indignação após relatos de que notas fiscais foram atestadas e pagas antes da chegada dos produtos , prática que contraria os protocolos legais.

Fontes internas revelaram que servidores do almoxarifado que se recusaram a atestar as notas fiscais enfrentaram represálias, incluindo demissões. Além disso, houve substituições na chefia do setor após resistência em validar os documentos que justificassem os pagamentos sem a entrega dos insumos.

As empresas envolvidas negam as acusações, alegando a legalidade de suas operações. No entanto, as denúncias indicam que ambas possuem estrutura insuficiente para atender aos contratos firmados e não conseguem comprovar a entrada dos produtos em seus estoques, alimentando suspeitas de fraudes.

Enquanto o caso ganha repercussão, os hospitais municipais enfrentam um colapso. A falta de insumos básicos e medicamentos essenciais prejudica o atendimento à população, agravando ainda mais o cenário da saúde pública no município.

Diante da gravidade da situação, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu o bloqueio dos bens da prefeita Magdala Furtado e do secretário de Saúde, Bruno Alpacino Velame Reis. Ambos já são alvo de ações judiciais por descumprirem determinações relacionadas à regularização do sistema de saúde municipal. Até o momento, a multa diária imposta pela Justiça, fixada em R$ 100 mil, já acumulou um total de R$ 550 mil.

A Justiça também determinou a formação de uma comissão interdisciplinar para monitorar o cumprimento das decisões e garantir que a população tenha acesso às informações sobre as ações adotadas para corrigir as irregularidades.

O MPRJ e outros órgãos de fiscalização intensificaram as investigações, buscando identificar os responsáveis e esclarecer o destino dos recursos públicos. Apesar da pressão, a gestão municipal ainda não apresentou explicações convincentes sobre os pagamentos realizados nem as medidas que serão tomadas para restabelecer o abastecimento nos hospitais.

A população de Cabo Frio, já afetada pela precariedade do sistema de saúde, agora convive com a incerteza sobre a aplicação do dinheiro público. O caso expõe a urgência de maior transparência e controle na administração municipal, que enfrenta um dos maiores escândalos da atual gestão.

O desdobramento das investigações será crucial para definir os rumos da saúde pública no município e a responsabilidade sobre o uso indevido dos recursos destinados ao bem-estar da população.

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